Limitação de Mandatos e o Discurso do Ministro Aldo Rebelo.


Quando o então Ministro Orlando Silva foi debater no auditório da Folha, eu perguntei a ele se não seria boa idéia interromper os repasses de verbas públicas para entidades esportivas que não têm em seus estatutos regras claras de governança corporativa, dentre elas a limitação das reeleições de seus presidentes. Silva, comprometido até o pescoço com o establishment, disse que em nome da democracia não poderia intervir em entidades privadas. Então, tá!

Ontem Aldo Rebelo disse que o repasse do dinheiro da Bolsa Atleta e da Bolsa Podium dependerá, dentre outras coisas, da renovação que as Confederações fizerem em seus quadros diretivos. Foi um recado claro para o Pajé Olímpico que, sentado ao lado do Ministro, fez que não era com ele. A carapuça também serviu em Gesta de Melo, seviçal de Nuzman que, no comando do atletismo há quase trinta anos, entregará a modalidade ao seu sucessor em frangalhos.

A patota olímpica usa um argumento ridículo, desprezível, para justificar sua longa permanência no poder. Dizem os dirigentes que ficar eternamente no cargo lhes dá prestígio internacional. Então, tá!

 Quem tem que ter prestígio internacional é a modalidade que representam e não o indivíduo. Nuzman entrou no COB em 95. De lá para cá o Comitê Olímpico dos EUA teve três presidentes. E nem por isso deixou de ser o Comitê mais poderoso do mundo. O próprio consultor Steven Roush, que o COB contratou sem licitação pública e provavelmente a preço de ouro, indicou que uma das razões das malogradas jornadas olímpicas do Brasil, não obstante o dinheiro público disponível, é a falta de alternância no poder do esporte brasileiro. Por que Nuzman não segue o seu consultor? Por que Nuzman não se fita no exemplo do COI, cujo estatuto estabelece apenas uma reeleição para o cargo de presidente?

Tomara que o discurso de Aldo Rebelo saia da teoria para a prática. Tomara que o Ministro falou sério quando disse que não repassará recursos àqueles esportes cujos presidentes eternizam-se em seus cargos. Até hoje, todos os Ministros do Esporte foram tragados pelo sedutor mundo olímpico e não tiveram coragem de tomar medidas moralizadoras. Se Aldo Rebelo conseguir mudar esse panorama, terá dado um passo importante.