Atletismo: já temos promessas para 2016. Agora vai?
Por Fernando Franco

Sobre o programa da SporTV de sábado, mostrando os rumos do nosso atletismo para as próximas olimpíadas, fiz uma breve análise, que coloco em discussão.

Revezamento
Fiquei triste com a declaração de que o revezamento 4x100m precisa de um atleta com 35 anos (Vicente Lenilson) para conseguir sucesso na prova. Mas, o que fizeram os técnicos que, em 10 anos, não descobriram ou treinaram alguém com mais de 30. Quando o Brasil foi prata em Sydney, em 2000, algum dos quatro velocistas tinha 30 anos?

Tecnologia
Desculpe técnico Nakaya, mas creio que não é preciso uso de tecnologia para verificar a posição do atleta no bloco de partida e erros de postura na hora da saída para os 100 metros. Nossos melhores velocistas, entre eles o recordista na distância, Robson Caetano (10s), o técnico corrigia sua posição observando-o à uma distância de 15 a 20 metros. Robson continua recordista da prova.

Esporte na escola
Chamou atenção a declaração do técnico Nélio Moura, de que a escola se afastou do esporte. Ele foi educado. Na realidade, foi o contrário: os filósofos da educação formal é que sumiram com a prática esportiva na escola.

Potencial e promessas
Segundo a reportagem da SporTV, o Brasil tem 46 milhões de jovem de 0 a 15 anos. No entanto, só temos cinco promessas para 2016? Para efeito de cálculo, se ficarmos com o que chamo de “população de possíveis atletas”, ai incluídos nossos alunos da 5ª série ao 3° ano do ensino médio, temos em torno de 24 milhões de jovens, Brasil afora. No entanto, nossa força no atletismo para 2016 são apenas cinco promessas?

Conquistas
Em 10 anos, entre 1999 e 2009, conquistamos oito medalhas em campeonatos mundiais menores. Já na categoria juvenil foram seis, entre 1986 e 2010, isto é, 24 anos. Prazos e conquistas são índices altos ou baixos para o tamanho de nossa população?É muito ou pouco? Se aprofundarmos a análise, vamos observar que, a falta de mais competidores e, consequentemente, de resultados está intimamente ligado à falta da prática de educação física na escola; ao limitado número de pistas de atletismo, etc.

Atletas
Sobre as promessas para 2016: é oportuna uma volta ao passado recente, quando vários atletas já foram citados também como “promessas”. As marcas e números aqui citados são obtidas nas páginas da CBAt e IAAF. Entre parêntesis, a data de nascimento do atleta:

Masculino:

Júlio César de Miranda - (04.02.1986) – lançamento de dardo: em 2003, foi campeão mundial menor, com 81,16m com dardo de 700gramas.

Cleiton Dias Sabino - (09.11.1980). 2005 foi medalha de bronze no Mundial menor no octatlo.

Thiago Carahyba Dias - (02.03.194): 2001, campeão no Mundial menor do salto em distância, com 7,72m.

                                                  Feminino:

Vanda Gomes - (07.11.1988) – 2005, 5° lugar no Mundial com 23s73, nos 200m. E 2° no mundial juvenil em 2006, com 23s59. A marca piorou.
Rosangela Santos - 2007,  segunda colocada nos 100m do Mundial Menor, com 11s46; 2008, ficou em quarto no Mundial Juvenil, com 11s63; A marca piorou.
Barbara Leôncio - (07.10.1991) – Em 2007, foi medalha de ouro no Mundial Menor, com 23s50, nos 200m. Em 2008, ficou em sexto lugar na semifinal dos 100m, com 11s76; em 2010: terceira na semifinal dos 100m, com 11s78; e quarta na semifinal dos 200m, com 23s86: As marcas Pioraram.

Duas atletas que se destacam na prova dos 100 metros, a partir de 2000:

Tatiana Regina Inácio - 8° no Mundial juvenil de 2000, com 11s84; em 2002 ficou em quinto lugar na mesma prova, com 11.79.
Franciela Krasuski das Graças - em 2004, classificou-se na semifinal em sétimo, tempo de 11s96, nos 100m. Já nos 200 metros ficou em quinto, 5° com 24.22; foi sétima na final dos 100, com 11.71.
 Por onde andam Tatiana e Franciela?

Observem que só citei atletas que competiram a partir de 2000. Vários ficaram entre os finalistas nos Mundiais menores e juvenil. Mas não se destacaram na categoria adulta.

Prof. Fernando Franco é pesquisador de esportes e do Centro de Estudos de Atletismo, que criou, em Brasília.

Já temos cinco promessas no atletismo para 2016
Blog José Cruz

Num dos intervalos do programa sobre os rumos do atletismo, apresentados na SporTV, o professor Fernando Franco me telefona para anunciar que já escrevia sobre o que via na telinha. Pediu bom espaço neste blog para tratar sobre o assunto. Concedido, Professor. Suas análises são sempre bem fundamentadas e ótimas para debater.
Programa bem elaborado, os companheiros da SporTV atacaram nos rumos do atletismo para 2016, pois para 2012 há poucas esperanças de bons resultados, justamente pela falta de nomes de expressão no esporte que deu origem às Olimpíadas.
Para os Jogos do Rio de Janeiro estamos, hoje, preparando cinco potenciais revelações. Cinco!
O mesmo programa abriu afirmando que a última contagem do IBGE identificou que temos 46 milhões de brasileiros com menos de 15 anos. Mas tempos cinco atletas, repito, com potencial para 2016.
Enquanto aguardo a análise do especialista em atletismo, fico aqui com minha avaliação de leigo: cinco? Que progresso!