Prefeitura de São Caetano
vai desmontar maior centro indoor de atletismo do país
Centro de treinamento pertencia ao clube B3 e foi
erguido a um custo de R$ 20 milhões
Construído
a um custo de aproximadamente R$ 20 milhões em 2012, o principal centro de
treinamento indoor de atletismo já construído no Brasil será desmantelado.
O local,
que pertencia à equipe B3, será desfeito pela Prefeitura de São Caetano do Sul
para abrigar atletas de outras modalidades mantidas pelo município. A B3, que
se chamava BM&F, venceu 14 vezes o Troféu Brasil, principal competição
nacional. Em janeiro, o clube anunciou o encerramento de suas atividades.
O terreno
onde fica o complexo pertence à prefeitura, que o havia cedido ao clube em
comodato. Após a extinção do projeto de alto rendimento, a B3 já protocolou o
termo de devolução do espaço ao poder público, o que ocorrerá em definitivo em
junho.
O GloboEsporte.com apurou
que, na manhã desta sexta-feira, o secretário de Esporte, Lazer e Juventude de
São Caetano, Roberto Luiz Vidoski, visitou o complexo com delegações das
equipes de taekwondo e judô. Também vice-prefeito da cidade, ele propôs um
loteamento do equipamento aos presentes. Sugeriu, por exemplo, a colocação de
biombos para dividir as modalidades que planeja basear no local.
A
movimentação descaracterizará o CT, que tem uma pista coberta, caixa de areia,
equipamentos de saltos e salas de fisioterapia, nutrição, massagem e de
administração. Além dos atletas da B3, competidores de modalidades paralímpicas
e de clubes de base também utilizam o complexo indoor.
Uma outra
pista de atletismo, mantida fora do complexo e ao ar livre, será mantida pela
prefeitura. Ela foi construída em convênio entre o município e o Ministério do
Esporte.
Antes de
decretar o fim de suas operações, o clube contava com 57 atletas e 13 técnicos
nas provas de velocidade, saltos, provas combinadas, barreiras e obstáculos,
meio fundo, fundo, arremesso e lançamentos. Todo o aporte financeiro para esta
temporada será direcionado à Orcampi -equipe pela qual todos os atletas
disputarão o Troféu Brasil 2018.
Na
história, o clube teve cinco medalhistas olímpicos: ouro de Maurren Maggi em
2008 no salto em distância, bronze com Vanderlei Cordeiro em 2004 na maratona,
além de Rosemar Coelho, Thaísa Presti e Lucimar Moura, que fizeram parte do
revezamento 4 x 100 m em Pequim 2008.
O fim do
complexo indoor representa mais um duro golpe para o atletismo brasileiro. No
mês passado, o então presidente da CBAt (Confederação Brasileira de Atletismo),
José Antônio Martins Fernandes, renunciou ao cargo após
acusações de fraude. A
entidade em sido comandada por Warlindo Carneiro, que era seu vice e reagiu com
surpresa à decisão de São Caetano.
- Não
estava sabendo. Necessito que a prefeitura de São Caetano me receba
urgentemente para falar sobre esse assunto. É a maior pista de atletismo
coberta que há na América do Sul. E isso depois que o Brasil obteve resultados
expressivos no Mundial indoor [de Birmingham], é preciso mantê-la. Caso isso
realmente ocorra, será uma perda enorme para o Brasil - disse Carneiro, que em
seguida emendou:
-
Precisamos dialogar com a prefeitura e avaliar a melhor proposta. Eles poderiam
ter entrado em contato com a CBAt.
Fernandes
também havia sido indicado por presidentes de confederação para se tornar o
presidente do endividado Comitê Organizador dos Jogos do Rio. Porém,
também desistiu de assumir o cargo, como revelou o GloboEsporte.com.
Procurada
pela reportagem, a prefeitura de São Caetano confirmou que vai descaracterizar
o local para "ampliar a capacidade esportiva".
- A
gestão da Pista de Atletismo está a cargo da B3 (antiga BM&F) até 31 de
junho. A Secretaria de Esporte, da Prefeitura de São Caetano do Sul, já estuda
ampliar a capacidade esportiva do município com a utilização do espaço, ainda
sem qualquer definição.